O Educa Sempre tem o prazer de divulgar o artigo da Psicóloga Clínica Karine A. Andrade Dutra, nossa convidada especial de hoje. O texto oferece ótimas dicas para educadores, confira:
Filhos, pequenos senhores?
Percebemos hoje em nossa geração uma guerra instaurada dentro das
famílias. De um lado, os pais na condição de servos, e os filhos
assumindo o papel de senhores, uma díade de facilidade e dificuldade no
relacionamento entre pais e filhos. A facilidade é conferida aos filhos
que com astúcia e certo consentimento dos pais fazem exigências e emitem
ordens, veladas ou não, que revelam a dificuldade dos pais em
estabelecer limites e atender às demandas dos filhos na hora certa e
momento adequado.
Em sua lida diária os pais envolvem-se em inúmeras tarefas, alguns
trabalham fora, estudam e tem muitos compromissos a serem cumpridos,
prazos a serem atendidos, metas a serem alcançadas, porém, chega o
momento em que eles retornam aos seus lares e tem que lidar com a função
de ser pai e mãe, talvez um dos papéis mais importantes da vida de uma
pessoa.
Alguns, com a intenção de compensar a ausência devido a sua atividade
laborativa, atendem aos desejos e caprichos dos pequenos, sem conseguir
medir as consequências que esta atitude oferece a longo prazo. Ao ser
atendida em sua vontade, a criança estabelece uma relação lógica e
começa a se comportar de forma semelhante àquela que obteve sucesso, ou
seja, caso a criança consiga o que quer quando chora, faz pirraça ou
constrange os pais, há uma grande chance desse comportamento se repetir à
medida que ela deseje algo, tendo em vista que esta foi a atitude que
garantiu a satisfação de seus desejos materiais ou afetivos.
A criança, em sua constituição enquanto sujeito, tem como modelo os
adultos com quem convive, em especial a figura materna e paterna, que
não precisa ser assumida necessariamente pelos pais biológicos, podendo
ser garantida por avós, tios, irmãos entre outros. A criança em si não
possui o conhecimento inato dos limites que são necessários a sua
sobrevivência, um exemplo disso é o risco que correm em suas
brincadeiras e travessuras, quando não há limites para a liberdade e
imaginação, e que pode criar situações que ameacem a sua integridade
física. Ela ainda não tem competência para avaliar e discernir entre o
certo e o errado, ao menos que os adultos se manifestem quanto a isso.
Frustrações fazem parte da vida e são importantes para o
fortalecimento do caráter, obviamente que na medida certa. É impossível
passar pela vida sem ser frustrado, algo que deve ser observado trata-se
de quando essas frustrações começam a surgir, se na tenra infância, na
adolescência ou na vida adulta. Considere por exemplo, uma criança que
sempre ouviu sim de seus pais, estes estabeleceram uma postura
permissiva com ela, fato que tem poucas chances de se repetir no
convívio social, uma vez que as demais pessoas não tem o “compromisso”
de agradar nossos filhos sempre que estes quiserem. Enfim, essa criança
cresce sem ser desapontada nas pequenas coisas, e quando a sociedade
começar a proferir o “não” omitido pela família, essa criança poderá
apresentar dificuldades para lidar com esse sentimento de frustração,
tendo em vista que ela não foi preparada para isso.
Tal condição apresenta-se no cotidiano das relações, com nossos
adolescentes, jovens e adultos, e muitas vezes justificam os crimes
passionais: “matei por que ela não me queria mais”, ou até mesmo os acessos de fúria: “o agredi, pois ele não me
deu a promoção que eu desejava”. Pessoas assim demonstram que não
estão preparadas para ouvir “não”, para serem desapontadas ou para
receberem algo diferente daquilo que desejavam, uma dessas razões está
envolvida na questão da falta de limites e ausência dos pais na educação
dos filhos.
É necessário que os pais desenvolvam um manejo cuidadoso com os
filhos, é importante informar e demonstrar paulatinamente, através de
atitudes, decisões e diálogo, a hierarquia e posição de cada membro na
estrutura familiar.
- Invista em tempo de qualidade com seu filho. Organize-se para fazer valer as ocasiões em que você está junto a ele.
- O diálogo deve permear a relação, explicar os motivos e razões que justificam sua decisão de não dar o que ele pede naquele momento. Lembre-se que as decisões cabem aos pais e não à criança.
- O exemplo pessoal é um poderoso aliado para disciplinar os filhos. Os pais que não desejam que o filho grite, também não devem gritar. O parâmetro de limites é dado por vocês, a criança pede isso inconscientemente e os pais são espelho para as atitudes dos filhos.
- A autoridade pode e deve ser estabelecida através do respeito e não pela via da força física. Ter autoridade é ser coerente, conversar com firmeza, estabelecer limites e cumpri-los. Exercitem-na de forma coerente e na medida certa, assim, as crianças terão respeito e não medo dos pais.
- Prometa aquilo que vocês conseguirão cumprir, a descrença e falta de confiança nos pais pode gerar problemas maiores ao se tentar definir limites. Não é não. Sim é sim. Será difícil voltar atrás de uma promessa feita, por isso, pensem antes de prometer.
- Estabeleçam parâmetros claros e definidos do que pode e o que não pode, utilizem de linguagem clara e adequada à idade da criança. Agindo assim vocês oferecerão os contornos necessários para uma boa relação.
- Elogie e fortaleça a autoestima dos pequenos sempre que possível. Mas cuidado! Não enalteça e logo o condene por uma atitude passada, pois a crítica anula o elogio feito. Há tempo para todas as coisas!
- Quando for necessário disciplinar com um castigo isso deverá ser feito tão logo a criança tenha apresentado comportamento indesejado. Criança tem memória curta, precisa ser explicada por que está sendo disciplinada, no tempo e espaço adequado para isso. A duração do castigo deverá ser compatível à idade e maturidade da criança. Cuidado na dose, equilíbrio é fundamental para que a disciplina obtenha o efeito desejado.
Por fim, é importante estabelecer limites para os relacionamentos e
convivência com as demais pessoas, instituições, leis e sociedade. Uma
criança rebelde e indisciplinada não conquista a atenção dos demais de
forma positiva, muito pelo contrário, a atenção recebida surge como
repúdio de suas práticas e manifestações desajustadas e a culpa por seus
comportamentos inadequados sempre recairá como responsabilidade dos
pais ou cuidadores diretos. Quem ama educa! Por mais que esta frase soe
clichê, ela é verdadeiramente poderosa, e nunca é tarde para demonstrar
essa forma de amor aos nossos filhos, senão, alguém o fará, e as vezes
com pouca dose de amor.
Fonte: http://basileia.com.br/basileia/?p=684
Fonte da imagem: http://www.opiniaosa.com.br/
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Tem selinho no blog sosprofessor-atividades, passa lá e pega. Bjos
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